“O Lavra” de Irene Lisboa: uma sonda modernista do tempo de Salazar

Auteurs

  • Carina Infante do Carmo Universidade do Algarve — Centro de Estudos Comparatistas, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

DOI :

https://doi.org/10.34913/journals/lingualugar.2021.e716

Mots-clés :

Chronique comme forme artistique, écriture moderniste, chronotrope, personnalité autoritaire, allégorie historique

Résumé

Dans « O Lavra », d'Irene Lisboa, le mouvement pendulaire d'un ascenseur de transport public, métaphorise le devenir collectif, dans ses rythmes, ses tensions et ses blocages. La chroniqueuse ne se contente pas de réfléchir à la fabrication du texte et d'expérimenter une forme d'écriture adaptée au point de vue moderniste sur le spectacle urbain. Avec elle, l'évanescence du mouvement humain est représentée sur le plan incliné de la ville, mais aussi à travers une transe historique, marquée par les asymétries !lagrantes de classe et de genre, par la consolidation du fascisme et par les signes de guerre au loin. À travers l’exemplarité et le geste allégorique avec lequel les scènes et les !igures sont lues, la chronique s'interroge sur la signi!ication des structures politico-idéologiques qui sous-tendent les types et les classes sociales, au moment où le salazarisme est le plus fort : au seuil des années 1940. C'est cette orientation que j'ai l'intention d'explorer dans la chronique susmentionnée de « Esta cidade! » (1942).

Biographie de l'auteur

Carina Infante do Carmo, Universidade do Algarve — Centro de Estudos Comparatistas, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Professora Auxiliar da Universidade do Algarve. Membro do Centro de Estudos Comparatistas (Universidade de Lisboa). Tem estudado autores portugueses novecentistas, o movimento neo-realista e a escrita autobiográfica, em particular o género crónica. Entre as suas edições mais recentes registam-se A Visagem do Cronista, Antologia de Crónica Autobiográfica Portuguesa - Séculos XIX-XXI (2vols., 2018) e A Noite Inquieta. Ensaios sobre Literatura Portuguesa, Política e Memória (2020).

Références

Aguiar, J. V. (2013). “A política de classe na economia do Estado Novo: a burguesia como classe beneficiária”. Sociologia. Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Vol. XXV, pp. 119-140, <https://ojs.letras.up.pt/index.php/ Sociologia/article/view/1368/1185> (último acesso em 30/10/2021).

Bakhtin, M. (2002). “Formas de tempo e de cronótopo no romance: ensaios de poética histórica” In: Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. 5a ed. São Paulo: Hucitec-Annablume, pp. 211-362.

Baptista, T. (2009). “Documentário, modernismo e revista em Lisboa, Crónica Anedótica”. Doc On-line, no. 6, Agosto, pp. 109-127, <http://doc.ubi.pt/06/artigo_ tiago_baptista.pdf> (último acesso em 30/10/2021).

Buescu, H. C. (1990). Incidências do olhar: percepção e representação: natureza e registo rescritivo na evolução do romance romântico (Portugal, França, Inglaterra). Lisboa: Caminho.

Carmo, C. I. (2017). “Irene Lisboa e os retratos em fuga dos 'estrangeiros de arribada’”. In: Besse, M. G. et al. (dir.). Exiliance au féminin dans le monde lusophone (XXe- XXIe siècles). Paris: Ed. Hispaniques, pp. 239-249.

Crary, J. (2017). Técnicas do observador: visão e modernidade no século XIX. Lisboa: Orfeu Negro.

Lisboa, I. (1995). Esta cidade! Org. e pref. Paula Morão. Lisboa: Presença.

— (1997). O pouco e o muito: crónica urbana. Org. e pref. Paula Morão. Lisboa: Presença.

— (1998). Apontamentos. 2.a ed. Org. e pref. Paula Morão. Lisboa: Presença.

— (1999). Solidão II. 2.a ed. Org. e pref. Paula Morão. Lisboa: Presença.

Lourenço, E. (1994). “Uma literatura desenvolta ou os !ilhos de Álvaro de Campos”. In: O canto do signo: Existência e literatura. 1957-1993. Lisboa: Presença, pp. 255-267.

Martinho, F. J. B. (2004). “Limites cronológicos do modernismo poético português”. In: Sousa, C. M. de e Patrício, R. (org.). Largo mundo alumiado: estudos em homenagem a Vítor Aguiar e Silva. Vol. I. Braga: Centro de Estudos Humanísticos/ Universidade do Minho, pp. 331-341.

Martins, F. C. (1988). Cesário Verde ou a transformação do mundo. Lisboa: Assírio & Alvim.

Morão, P. (1991), “Prefácio”. In: Um dia e outro dia... Outono havias de vir. Poesia I. Lisboa: Presença, pp. 7-13.

Owen, H. & Alonso, C. P. (2011). “Irene Lisboa: Minding the Gender Gap”. In: Owen, H. & Pazos Alonso Antigone’s Daughters?: Gender, Genealogy, and the Politics of Authorship in 20TH Century Portuguese Women’s Writing. Lewisburg: Bucknell University Press, pp. 70-96.

Pessoa, F. (1993). Álvaro de Campos: livro de versos. Edição crítica. Intr., transcr., org. e notas de T. R. Lopes. Lisboa: Estampa.

Rosas, F. (2012). Salazar e o poder: a arte de saber durar. Lisboa: Tinta-da-China.

Santos, M. I. R. de S. (1998). “Re-inventing Orpheus: Women and Poetry Today”, Portuguese Studies, vol. 14, pp. 122-37.

Sapega, E. W. (2008). “Family Secrets: Irene Lisboa’s Critique of ‘God, Pátria, and Family’”. In: Consensus and Debate in Salazar’s Portugal: Visual and Literary Negotiations of the National Text, 1933"1948. University Park, Pennsylvania Pennsylvania: State University Press, pp. 87-114.

Trindade, L. (2010). “A cidade despovoada: povo, classe e literatura moderna”. In: José Neves (coord.). Como se faz um povo. Lisboa: Tinta da China, pp. 371-383.

— (2016). Narratives in Motion: Journalism and Modernist Events in 1920s Portugal. Nova Iorque/Oxford: Berghahn Books.

Verde, C. (1992). Obra Completa. Org. e estudo Joel Serrão. 6a. ed. Lisboa: Horizonte.

Publiée

2022-04-06

Comment citer

Infante do Carmo, C. (2022). “O Lavra” de Irene Lisboa: uma sonda modernista do tempo de Salazar. Língua-Lugar : Literatura, História, Estudos Culturais, 1(4), 135–151. https://doi.org/10.34913/journals/lingualugar.2021.e716

Numéro

Rubrique

Lieu de mémoire