Corvo Branco: construção e desconstrução de mitos.
DOI:
https://doi.org/10.34913/journals/lingua-lugar.2020.e209Palavras-chave:
Corvo Branco, Luísa Costa Gomes, Expansão Portuguesa, Pós-colonialismo, Universos SimbólicosResumo
O trabalho que nos propomos apresentar é a análise da ópera Corvo Branco com libreto de Luísa Costa Gomes, música de Philip Glass e encenação de Robert Wilson, estreada no teatro Camões por ocasião da Expo'98, cuja referência central são as viagens marítimas dos séculos XV e XVI, ainda que o tema central pretenda ser a descoberta. A obra configura não só a sobreabundância de informação, acontecimentos, imagens e lugares que caracteriza as sociedades contemporâneas, como sobretudo a reação que as próprias sociedades engendram para essa sobreabundância: o refúgio em universos simbólicos servindo de reconhecimento entre os seus membros e de confirmação de pertença ao grupo (Augé, 1992). Esse universo simbólico, parte da ideologia explícita ou implícita da sociedade em questão e assim da identidade nacional, é, no caso português, dominado pela importância do império passado, pela ideia de “encontro de culturas” harmonioso e pacífico, pela imagem do português simples, humilde e batalhador que percorre o mundo em busca de aventuras, não descurando, porém, o desejo de regressar à “ditosa pátria [sua] amada” (Gomes, 1998, p. 48). Como a obra desconstrói esses mitos será a nossa linha de análise.
Referências
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