′′Insinança das Damas′′: Educação e literacia femininas na corte portuguesa de Quatrocentos
DOI:
https://doi.org/10.34913/journals/lingualugar.2021.e709Palavras-chave:
História das Mulheres, Livraria, Mecenato, EscritaResumo
A corte portuguesa foi uma das primeiras a traduzir a obra de Christine de Pizan, Livre des Trois Vertus ou Trésor de la Cité des Dames. Segundo a tradição, a tradução para português foi ordenada pela rainha D. Isabel de Coimbra, c. 1446-1455, mas o livro terá chegado à corte anos antes, enviado por Isabel, duquesa da Borgonha. Intitulado Livro das Tres Vertudes A Insinança das Damas este é o único livro sobre a educação das mulheres a circular na corte portuguesa neste período. A mesma obra seria impressa no início do século XVI, com patrocínio da rainha D. Leonor. Estas duas edições desta obra são paradigmáticas de um modelo de educação e mecenato femininos praticados na corte. Neste artigo analisarei como as mulheres da alta aristocracia estiveram envolvidas na leitura, escrita, posse e edição de livros, actuando como agentes de mudança cultural na corte portuguesa.
Referências
Antunes, A. P. (2012). De infanta de Portugal a duquesa de Borgonha: D. Isabel de Lencastre e Avis (1397-1429). Lisboa: Dissertação de Mestrado em História Medieval apresentada à FCSH da Universidade Nova de Lisboa.
Beceiro Pita, I. (2016). “Poder Regio y Mecenazgo en el Occidente Peninsular”. Anuario de Estudios Medievales, 46/1, janeiro-junho, pp. 329-360.
Belém, Fr. J. (1755). Chronica Será"ica da Santa Província dos Algarves da regular observância. Lisboa: Oicina de Ignácio Rodrigues.
Bell, S. (1982). “Medieval women book owners: arbiters of lay piety and ambassadors of culture”. Signs, vol. 7 (verão), pp. 742-768.
Brandão, F. (1643). Conselho, e voto da Senhora Dona Felippa "ilha do Infante Som Pedro, sobre as terçarias, & guerras de Castella. Lisboa: O"icina de Lourenço de Anveres.
Buescu, A. I. (2010). “Livros e livrarias de reis e de príncipes entre os séculos XV e XVI. Algumas notas”. In: Na corte dos reis de Portugal. Saberes, ritos e memórias. Lisboa: Edições Colibri, pp. 53-81.
Cepeda, I. (1987). “Os Livros da Rainha D. Leonor, segundo o códice 11352 da Biblioteca Nacional, Lisboa”. Revista da Biblioteca Nacional. Lisboa: S. 2, 2 (2), pp. 51-81.
Correia, L. (2013). A Insinança das Damas: formas de poder no feminino no século XV (o caso de Isabel de Lencastre). Lisboa: Dissertação de Mestrado em História Medieval apresentada à FCSH da Universidade Nova de Lisboa.
Custódio, D. (2018). As perfeitíssimas horas da rainha D. Leonor. Madrid: Taberna Libraria.
Dávila, M. (2019). A Mulher dos Descobrimentos: D. Beatriz, Infanta de Portugal. Lisboa: Esfera dos Livros.
— (2018) “Enxoval e casamento: a materialidade do poder familiar no enlace dos infantes D. Beatriz e D. Fernando de Portugal (c. 1447)”. In: Casamentos da Família Real Portuguesa. Êxitos e fracassos. Coord. de A. M. Rodrigues, M. S. Silva e
A. L. de Faria, vol. IV. Lisboa: Círculo de Leitores, pp. 141-168.
Duarte, D. (1982a). Leal Conselheiro. Ed. de J. M. Barbosa (actualização ortográfica, int. e notas). Lisboa: INCM.
Duarte, D., (1982b). Livro dos Conselhos de El-Rei D. Duarte (Livro da Cartuxa). Ed. diplomática de J. Alves Dias. Lisboa: Estampa.
Duarte, L. M. (2005). D. Duarte: requiem por um rei triste. Lisboa: Círculo de Leitores.
Frade, Mafalda (2016). “Contributo para a história da tradução em Portugal: as primeiras tradutoras conhecidas”. Ágora. Estudos Clássicos em Debate, 18, pp. 141-155.
Freire, A. B. (1914). “Inventário da infanta D. Beatriz, 1507”. In: Arquivo Historico Portuguez. Lisboa: Typ. Calçada do Cabra, vol. IX.
Goehring, M. (2011). “Exploring the border: The Breviary of Eleanor of Portugal”. In: Blick, S. e Gelfand, L. D. (eds.). Push me, Pull me: Imaginative and Emotional Interaction in
Late Medieval and Renaissance Art. Leiden / Boston: Brill.
Lacarra Lanz, E. (2001). “Las enseñanzas de Le Livre des trois vertus à l’enseignement des dames de Christine de Pizan y sus primeras lectoras”. Cultura Neolatina, LXI, pp. 335-360.
Martins, M. (1982), Guia Geral das Horas de el rei D. Duarte. Lisboa: Edições Brotéria.
Melo, J. R. (2019). “Open books: performativity and mediation in elite women’s eigies at Lisbon Cathedral (14th c.)”. Journal of Medieval Iberian Studies. DOI: 10.1080/17546559.2019.1614646
Monteiro, João Gouveia (1988). “Orientações da cultura de corte na 1a metade do século XV (A literatura dos Príncipes de Avis)”. Vértice, II série (Agosto), pp. 89-103.
Nascimento, A. A. (2001), “A Vita Christi de Ludolfo de Saxónia em Português. Percursos da tradução e seu presumível responsável”. Euphrosyne, no 29, pp. 125-142.
— (1993). “As livrarias dos príncipes de Avis”. Biblos, Actas do Congresso Comemorativo do 6o Centenário do Infante D. Pedro, pp. 265-287.
Paviot, J. (1995). Portugal et Bourgogne au XVe Siècle. Lisboa/Paris: Centro Cultural Calouste Gulbenkian – Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.
Pina, R. (1977), Crónicas. Intr. e rev. De M. L. Almeida. Porto: Lello & Irmão.
Pizan, C. (2002). O Livro das Tres Vertudes ou a Insinança das Damas. Ed. de M. L. Crispim. Lisboa: Caminho.
Sá, I. G. (2015). “Rainhas e cultura escrita em Portugal (séculos XV!XVI)”. In: Religião e linguagem nos mundos ibéricos: identidades, vínculos sociais e instituições. Brasil: Laboratório de Mundos Ibéricos, pp. 169-180.
— (2011). De Princesa a Rainha-velha. Leonor de Lencastre. Lisboa: Círculo de Leitores.
Segura Graiño, C. (2007). “La educación de las mujeres en el tránsito de la Edad Media a la Modernidad”. Historia de la Educación: Revista Interuniversitária, 26, pp. 66-75.
— (2004). “In"luencias de Isabel de Portugal em la educación y formación política de su hija Isabel I de Castilla”. In: Ribot, L., Valdeón, J. e Maza, E. (eds.). Isabel, la católica y su época: actas del Congreso Internacional. Valladolid: Universidad de Valladolid, pp. 319-334.
Sículo, C. P. (1974). Duas Orações. Ed. de M. Brandão da Silva e A. da Costa Ramalho. Coimbra: Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos.
Silva, M. S. (2014). D. Filipa de Lencastre, a rainha inglesa de Portugal. Lisboa: Temas & Debates.
— (2013). “Isabel of Portugal: First Lady in a Kingdom without a Queen (1415!1428)”. In: Woodacre, E. (ed.). Queenship in the Mediterranean. Negotiating the Role of the Queen in the Medieval and Early Modern Eras. New York: Palgrave McMillan, 013, pp. 191-205.
— (2009). “Phillipa of Lancaster, Queen of Portugal (1360!1415): educator and reformer”. In. Oakley-Brown, L. e Wilkinson, L. J. (eds.). Rituals and Rhetorics of Queenship (Medieval to Early Modern). Dublin: Four Corts Press, pp. 37-46.
Somme, M (1998). Isabelle de Portugal, duchesse de Bourgogne: une femme au pouvoir au XVe siècle. Lille: Presses Universitaires du Septentrion.
Sousa, A. C. (1946). Provas da História Genealógica da Casa Real Portuguesa. Coimbra: Atlântida. vol. II.
Vicente, Ma G. (2018), “D. Filipa - uma donzela de sangue real por casar”. Casamentos da Família Real Portuguesa. Êxitos e fracassos. Coord. A. M. Rodrigues, M. S. Silva e A. L. de Faria, vol. IV. Lisboa: Círculo de Leitores, pp. 111-139.

Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2022 Maria Barreto Dávila

Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0.