Homens fora do lugar
Nação e masculinidade no romance Bom Crioulo
DOI:
https://doi.org/10.34913/journals/lingua-lugar.2023.e1489Palavras-chave:
Homossexualidade, Raça, Adolfo Caminha, Literatura brasileira, Sentimento nacionalResumo
As profundas mudanças sociopolíticas vivenciadas pelo Brasil nas últimas décadas do século XIX trouxeram para todo o país um fervor contagiante de renovação e, por conseguinte, deixaram suas marcas na literatura publicada na época. A respeito disso, o romance Bom Crioulo, escrito por Adolfo Caminha e publicado em 1895, apresenta-se como caso paradigmático. O presente ensaio, portanto, propõe uma leitura alegórica do texto que revela o dilema de construir uma identidade nacional baseada numa população desqualificada pelas elites devido a sua raça e sexualidade não satisfazerem as expectativas do padrão hegemônico da ordem e do progresso. A partir da leitura do liberalismo brasileiro no final do século XIX feita por Roberto Schwarz (1977), será apresentada a representação desses homens fora do lugar em Bom Crioulo.
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