“Filhos do sol, mãe dos viventes”: sobre o enunciador do “Manifesto Antropófago”
DOI:
https://doi.org/10.34913/journals/lingualugar.2022.e973Palavras-chave:
Manifestos, Oswald de Andrade, AntropofagiaResumo
Ao longo de todo o “Manifesto Antropófago”, um sujeito se enuncia de forma oblíqua. Seja por meio da “primeira pessoa do plural implícita no texto” (Azevedo, 2016, p. 99), às vezes inclusiva, outras, exclusiva, seja como complemento verbal (i.e., enquanto objeto) ou pronome possessivo, o “nós” que constitui o seu enunciador quase nunca se explicita plenamente, de corpo inteiro. Todavia, o que deveria ser a mais elementar das perguntas sobre a Antropofagia oswaldiana, a saber, quem (é o antropófago que) se manifesta no “Manifesto Antropófago”, ainda não recebeu a devida atenção por parte da crítica, salvo raríssimas exceções, entre as quais se destaca a seminal análise de Beatriz Azevedo (2016). Talvez porque o modo como ele se manifeste torne mais complicado responder de forma minimamente satisfatória a interrogação que o texto não cessa de colocar: “nós, quem?”
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