“Filhos do sol, mãe dos viventes”: sobre o enunciador do “Manifesto Antropófago”

Autores

  • Alexandre Nodari Universidade Federal do Paraná | species/CNPq

DOI:

https://doi.org/10.34913/journals/lingualugar.2022.e973

Palavras-chave:

Manifestos, Oswald de Andrade, Antropofagia

Resumo

Ao longo de todo o “Manifesto Antropófago”, um sujeito se enuncia de forma oblíqua. Seja por meio da “primeira pessoa do plural implícita no texto” (Azevedo, 2016, p. 99), às vezes inclusiva, outras, exclusiva, seja como complemento verbal (i.e., enquanto objeto) ou pronome possessivo, o “nós” que constitui o seu enunciador quase nunca se explicita plenamente, de corpo inteiro. Todavia, o que deveria ser a mais elementar das perguntas sobre a Antropofagia oswaldiana, a saber, quem (é o antropófago que) se manifesta no “Manifesto Antropófago”, ainda não recebeu a devida atenção por parte da crítica, salvo raríssimas exceções, entre as quais se destaca a seminal análise de Beatriz Azevedo (2016). Talvez porque o modo como ele se manifeste torne mais complicado responder de forma minimamente satisfatória a interrogação que o texto não cessa de colocar: “nós, quem?”

Biografia Autor

Alexandre Nodari, Universidade Federal do Paraná | species/CNPq

Professor de literatura e filosofia na Universidade Federal do Paraná, e fundador do species – núcleo de antropologia especulativa. Pesquisador 2 do CNPq, prepara um livro sobre a Antropofagia de Oswald de Andrade.

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Publicado

2022-11-11

Como Citar

Nodari, A. (2022). “Filhos do sol, mãe dos viventes”: sobre o enunciador do “Manifesto Antropófago”. Língua-Lugar : Literatura, História, Estudos Culturais, 1(5), 80 — 105. https://doi.org/10.34913/journals/lingualugar.2022.e973