A Semana de Arte Moderna chega à capital do Brasil: Disputas em torno da recepção do modernismo, 1921–1925

Autores

  • Rafael Cardoso Freie Universität Berlin

DOI:

https://doi.org/10.34913/journals/lingualugar.2022.e970

Palavras-chave:

Semana de Arte Moderna, modernismo, recepção, história, imprensa, Rio de Janeiro

Resumo

A recepção da Semana de Arte Moderna pela imprensa do Rio de Janeiro, então capital federal, ajuda a elucidar como o movimento foi avaliado em sua época. O impacto contemporâneo da Semana foi bem menor do que sugere a historiografia que a consagrou após 1945. O presente artigo examina a cobertura dada à Semana nos principais órgãos jornalísticos do Distrito Federal entre o momento logo anterior à sua realização e o final de 1925. Identifica-se uma disputa intensa em torno da liderança modernista, em que Oswald de Andrade e Mário de Andrade buscavam afirmar sua respectiva ascendência, ambos em relação a Graça Aranha, então visto amplamente como iniciador e chefe do movimento. As divisões entre facções são refletidas no alinhamento de veículos como os jornais O País e Correio da Manhã, assim como a revista Careta, que ao antagonizar o movimento, ajudou a lhe dar projeção.

Biografia Autor

Rafael Cardoso, Freie Universität Berlin

Historiador da arte e escritor. Membro colaborador do Programa de Pós-Graduação em História da Arte da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Instituto de Artes) e pesquisador associado à Freie Universität Berlin (Lateinamerika-Institut). É autor de numerosos livros sobre história da arte e do design no Brasil, séculos 19 e 20, sendo o mais recente Modernidade em preto e branco: Arte e imagem, raça e identidade no Brasil, 1890-1945 (Companhia das Letras, 2022). Atua ainda como curador independente. Desde 2020 preside a Comissão contra a censura e pela liberdade de expressão da AICA Internacional.

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Publicado

2022-11-11

Como Citar

Cardoso, R. (2022). A Semana de Arte Moderna chega à capital do Brasil: Disputas em torno da recepção do modernismo, 1921–1925. Língua-Lugar : Literatura, História, Estudos Culturais, 1(5), 20 — 34. https://doi.org/10.34913/journals/lingualugar.2022.e970