′′Antes da ordem do dia′′: A revolução na Assembleia Constituinte

Autores

  • Maria Inácia Rezola Escola Superior de Comunicação Social, Universidade Nova de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.34913/journals/lingualugar.2021.e526

Palavras-chave:

Revolução Portuguesa (1974-1975), Assembleia Constituinte, Transição Democrática, Partidos Políticos, legitimidade revolucionária/legitimidade eleitoral

Resumo

As eleições para a Assembleia Constituinte (25 de Abril de 1975) são um marco central na história da construção da democracia em Portugal. Celebradas exactamente um ano após o derrube da ditadura e da restauração das liberdades fundamentais, num momento em que a Revolução acelerava o seu passo, estas eleições contaram com uma amplíssima participação (votaram 91% dos recenseados) que deixou patente a importância que lhes era conferida enquanto fonte de legitimação do poder. O ambiente que rodeou a abertura da Constituinte foi tenso. Contestada pelos sectores radicais, que nela viam um símbolo da democracia burguesa, a sua actividade foi ameaçada desde os primeiros momentos. Paralelamente, outros factores condicionaram a sua capacidade de intervenção. Recorde-se, a este respeito, que a Plataforma de Acordo Constitucional (“Pacto MFA-Partidos”), firmada entre o MFA e os partidos políticos a 11 de Abril de 1975, não apenas determinava alguns dos princípios que deveriam ser consagrados no futuro texto constitucional, como dava ao poder militar as garantias de que, independentemente do resultado das eleições, a condução da vida política era da responsabilidade do Conselho da Revolução. À Assembleia Constituinte era reservada apenas a missão de elaborar o texto constitucional. Com este artigo propomo-nos analisar os debates ocorridos no período antes da ordem do dia, no decurso do Verão Quente de 1975, para aferir em que medida os temas da actualidade política integraram e condicionaram a agenda de trabalho parlamentar. Partindo da tese de que a Constituinte foi palco de intensas disputas, reflexo da luta mais ampla que percorria o país, propomo-nos dar voz aos constituintes e percepcionar o seu envolvimento na crise político-militar então vivida.

Biografia Autor

Maria Inácia Rezola, Escola Superior de Comunicação Social, Universidade Nova de Lisboa

Maria Inácia Rezola. Investigadora integrada do Instituto de História Contemporânea (IHC-FCSH/UNL) e professora Adjunta da Escola Superior de Comunicação Social do Instituto Politécnico de Lisboa, é doutorada em História Institucional e Política Contemporânea (FCSH/UNL). Da sua produção bibliográfica destacam-se os livros Os Militares na Revolução de Abril. O Conselho da Revolução e a Transição para a Democracia em Portugal (1974-1976) (2006); 25 de Abril – Mitos de uma Revolução (2007); Melo Antunes, uma biografia política (2012); Democracia, Ditadura, Memória e Justiça Política (com I. F. Pimentel, 2014); Dicionário de História de Portugal – o 25 de Abril. 8 Vols. (com A. Reis e P. B. Santos, 2016-2018).Os seus interesses de investigação incluem autoritarismo; mudança política; democratização e justiça de transição; relações igreja-estado; história dos media; media e memória.

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Antes da ordem do dia — Maria Inácia Rezola

Publicado

2021-08-12

Como Citar

Rezola, M. I. (2021). ′′Antes da ordem do dia′′: A revolução na Assembleia Constituinte. Língua-Lugar : Literatura, História, Estudos Culturais, 2(3), 44–64. https://doi.org/10.34913/journals/lingualugar.2021.e526