Encruzilhadas históricas: trajetórias de ontem e de hoje
DOI:
https://doi.org/10.34913/journals/lingualugar.2021.e523Resumo
Durante muito tempo considerou-se que o principal objetivo da história seria reconstruir o passado sem os efeitos de distorção do presente. O presente da escrita, contudo, acaba por influenciar de alguma forma o modo como se olha para os acontecimentos, para os intervenientes que se valorizam, de quem são as histórias narradas e de quem as que são deixadas na sombra. Para a reconstrução de determinado evento do passado é necessário ordenar os factos, encontrar os motivos por trás da ação e discernir os objetivos. Isso liga a ação ao contexto, aos acontecimentos anteriores e aos que daí resultarão. É preciso pois construir uma narrativa coerente. Hayden White (2010), entre outros estudiosos, como por exemplo Paul Ricoeur (1983-1985), insiste no caráter narrativo da história. Mas isso torna a história dependente, tal como outras narrativas, do narrador, do ponto de vista, do momento em que é narrada e do período de tempo escolhido. Ou seja, o presente da escrita influi na perspetiva que se adota e permite muitas vezes uma releitura crítica não só dos factos passados, como também do modo como nos foram narrados.
Referências
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Artigos de imprensa:
https://www.publico.pt/2021/06/04/politica/ noticia/comemoracoes-50-anos-25-abril- regenerar-lacos-democracia-1965253
https://www.sabado.pt/portugal/detalhe/a- polemica-dos-50-anos-do-25-de-abril-e-da- nomeacao-de-pedro-adao-e-silva
https://expresso.pt/podcasts/leste-oeste-de- nuno-rogeiro/2021-06-13-Nuno-Rogeiro-e-os- 50-anos-do-25-de-Abril-Nao-se-devia-gastar- um-euro-nas-comemoracoes.-A-memoria- nao-custa-dinheiro-544e354f
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