Memórias Pós­-imperiais: Luuanda, de José Luandino Vieira, e Luanda, Lisboa, Paraíso, de Djaimilia Pereira de Almeida.

Autores

  • Paulo de Medeiros Warwick University

DOI:

https://doi.org/10.34913/journals/lingua-lugar.2020.e211

Palavras-chave:

Memória pós-imperial, Pós-memória, Resistência, Irrealismo Crítico;, Luandino Vieira, Djaimilia Pereira de Almeida

Resumo

O que são memórias pós-imperiais e até que ponto pode uma reflexão sobre os dois termos em causa, "pós-império" e "memória" - e aquilo que está silenciosamente implícito, ou seja, a "pós-memória" e a sua relação com os legados fantasmagóricos imperiais - nos ajudar a compreender o papel da resistência na literatura anticolonial e pós-colonial? Este ensaio aborda esta questão através do conjunto de narrativas de Luandino Vieira de 1963, Luuanda, e dois romances recentes de Djaimilia Pereira de Almeida, Esse Cabelo, de 2015 e, principalmente, Luanda, Lisboa, Paraíso, de 2018. Como conclusão sugere-se uma consideração da memória pós-imperial como uma forma de assombramento, inevitavelmente e irredutivelmente ligada à história da escravidão.

Biografia Autor

Paulo de Medeiros, Warwick University

Paulo de Medeiros é Professor Catedrático de Estudos Ingleses e Literatura Comparada na Warwick University. Lecionou em várias universidades em Portugal, Brasil, Espanha, Países Baixos e Estados Unidos. É membro honorário do Instituto de Pesquisa em Línguas Modernas da Escola de Estudos Avançados da Universidade de Londres e foi presidente da American Portuguese Studies Association. O seu trabalho de investigação desenvolve-se dentro dos temas: teoria crítica, pós-colonialismo, memória, literatura de língua portuguesa e cinema. Dos seus livros destacam-se: Pessoa's Geometry of the Abyss: Modernity and the Book of Disquiet (Oxford: Legenda, 2013) e O Silêncio das sereias - Ensaio sobre o Livro do Desassossego (Lisboa: Tinta-da-China, 2015). Atualmente investigador associado no projeto ‘MEMOIRS – Filhos de Império e Pós-Memórias Europeias’ sediado no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, prepara um estudo sobre o romance contemporâneo e a pós-memória.

Referências

Almeida, D. P. de (2015). Esse cabelo. Lisboa: Leya.

— (2018). Luanda, Lisboa, Paraíso. Lisboa: Companhia das Letras.

Assman, A. (1999). Erinnerungsräume: Formen und Wandlungen des kulturellen Gedächtnisses. Munique: C.H. Beck.

Cabral, A. (1974). “National Liberation and Culture”. Transition, 45, 12-17.

Chakrabarty, D. (2007). Provincializing Europe: Postcolonial Thought and Historical Difference. Princeton: Princeton University Press.

Hamilton, R. G. (1975). “Prose Fiction in Angola”. In Voices From an Empire: A History of Afro-Portuguese Literature (pp. 129-159).Minneapolis: University of Minnesota Press, 1975.

Hirsch, M. (1997). Family Frames: Photography, Narrative and Postmemory. Cambridge, Mass.: Harvard University Press.

— (2008). “The Generation of Postmemory”. Poetics Today, 29 (1).

— (2012). The Generation of Postmemory. Writing and Visual Culture After the Holocaust. Nova Iorque: Columbia University Press.

Mata, I. (2018). “Uma implosiva geografia exílica”. https://www.publico.pt/2018/12/14/culturaipsilon/critica/implosiva-geografia-exilica-1854334?fbclid=IwAR3qkbPavIbMhs9AZwoGWNoDSHFxBaRqLWs4CsEc4aFiTwr1mHTCAtbqhF0.

Medeiros, P. de (2014). “Post-Imperial Europe. First Definitions.” In D. Göttsche e A. Dunker (Eds.), (Post-) Colonialism Across Europe : Transcultural History and National Memory (pp. 149-166). Bielefeld: Aisthesis Verlag.

— (2018). “Lusophony or the Haunted Logic of Postempire”. Lusotopie, 17, 227-247.

Nous, A. (2015). La condition de l’éxilé. Paris: Maison des sciences de l’homme.

Padilha, L. C. (2014). “Littérature angolaise, jeux cartographiques et désobéissance épistémique”. Érudit . Littératures de l’Angola, du Mozambique et du Cap-vert, 37, 15-27. https://www.erudit.org/en/journals/ela/2014-n37-ela01494/1026244ar.pdf.

Passos, J. (2015). "Luuanda, a libertação de Angola e a geração de 50/60". In F. Topa e E. Pereira (Org.), De Luuanda a Luanidino Vieira: Veredas (pp. 55-65). Porto: Afrontamento.

Ribeiro, A. P. (2013). “Para acabar de vez com a lusofonia”. Público. 18 de Janeiro. https://www.publico.pt/2013/01/18/jornal/para-acabar-de-vez-com-a-lusofonia-25877639. Revised and updated: Lusotopie 17. 220-226.

Ribeiro, A. S. e Ribeiro, M. C. (2018). “A Past that Will Not Go Away. The Colonial War in Portuguese Postmemory”. Lusotopie, 17, 277-300.

Ribeiro, M. C. (2010). “E Agora José, Luandino Vieira? An Interview with José Luandino Vieira". Remembering Angola. Portuguese Literary & Cultural Studies 15/16 (Phillip Rothwell, guest editor), 25-35.

Rothermund, D. (2014). “Memories of Post- Imperial Nations: Silences and Concerns”. India Quarterly, 70 (1), 59-70.

Said, E. (1978). Orientalism. Nova Iorque: Pantheon.

Sharpe, C. (2016). In the Wake: Blackness and Being. Durham: Duke University Press.

Traverso, E. (2005). Le passé: modes d’emploi. Paris: La Fabrique.

Turner, B. (2005). “Citizenship”. In T. Bennett, L. Grossberg e M. Morris (eds.), New Keywords: A Revised Vocabulary of Culture and Society (pp. 29-32). Oxford: Blackwell.

Vieira, J. L. (1963). Luuanda. Lisboa: Edições 70 [Lisboa: Caminho, 2015.].

Publicado

2020-06-29

Como Citar

de Medeiros, P. . (2020). Memórias Pós­-imperiais: Luuanda, de José Luandino Vieira, e Luanda, Lisboa, Paraíso, de Djaimilia Pereira de Almeida. Língua-Lugar : Literatura, História, Estudos Culturais, 1(1), 136–149. https://doi.org/10.34913/journals/lingua-lugar.2020.e211