A revolução do 25 de Abril: memórias e sua transmissão

Autores

  • Nazaré Torrão Université de Genève

DOI:

https://doi.org/10.34913/journals/lingua-lugar.2024.e1909

Palavras-chave:

25 de Abril, memória, cinema português, literatura portu­guesa, revolução

Resumo

As comemorações dos 50 anos da revolução que trouxe a democracia a Portugal ocasionaram uma discussão pública sobre a revolução e o modo como diferentes setores da sociedade a recordam e interpretam. Meio século depois do golpe de estado que derrubou um regime ditatorial de 48 anos, o chão comum que se poderia esperar estar consolidado, é ainda percorrido por dissensões que fazem eco ao momento político e social que se vive no presente. Mas não foi sempre assim? Se o dia é recordado de modo bastante consensual como uma festa, como descreve Sophia de Mello Breyner Andresen: “Esta é a madrugada que eu esperava / O dia inicial inteiro e limpo / Quando emergimos da noite e do silêncio [...]” (2015, p. 668) , os relatos dos dias turbulentos do processo revolucionário e do seu final são muito menos convergentes, porque as ideologias que se confrontaram na altura ainda defendem versões diferentes desses acontecimentos. Na memória coletiva, esses tempos permanecem confusos. Qual foi a memória que prevaleceu e quando? Por quem foi transmitida? Por que meios? Através do cinema, da literatura, e de algumas incursões na ocupação do espaço público, tentaremos ver quais são as diferentes narrativas que se cruzam na memória colectiva.

Biografia Autor

Nazaré Torrão, Université de Genève

Nazaré Torrão é docente de língua, literaturas e culturas em português na Universidade de Genebra desde 1995. É diretora da Cátedra Lídia Jorge do Camões IP da mesma universidade desde 2020. Começou a sua docência universitária como leitora de português na Universidade de Ruão (Université de Rouen Normandie), ao mesmo tempo que obteve um DEA (Diplôme d’études approfondies) na Sorbonne Université em Estudos Portugueses e Brasileiros. O doutoramento em Literaturas Comparadas foi realizado na Universidade de Genebra com uma tese sobre a representação da identidade nacional nas obras de Lídia Jorge, Mia Couto e Manuel Rui. A sua investigação centra-se nas literaturas contemporâneas de Portugal, Angola e Moçambique, contemplando em particular as questões de identidade, género e espaço. Atualmente dirige conjuntamente o projeto do Fundo Nacional Suíço (FNS) Living in, with, and despite the authoritian state: everyday life history under the Estado Novo in Portugal's African colonies and in Portugal, 1926-74, no qual investiga as influências da ditadura no quotidiano expressas na literatura coeva. Fundou com outros membros da Cátedra Lídia Jorge a revista eletrónica Língua-lugar: Literatura, História, Estudos Culturais e tem publicado vários artigos em revistas da especialidade. É co-editora da obra The Power of the Image in the Work of Lídia Jorge (Peter Lang, 2023).

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https://leitor.expresso.pt/semanario/semanario2671/html/primeiro-caderno/a-abrir/opiniao/a-voz-do-povo-1 04.01.2024

Publicado

2025-03-17

Como Citar

Torrão, N. (2025). A revolução do 25 de Abril: memórias e sua transmissão. Língua-Lugar : Literatura, História, Estudos Culturais, (7), 194 — 214. https://doi.org/10.34913/journals/lingua-lugar.2024.e1909

Edição

Secção

Lugar de memória