Resgatar ao presente Barahona Possollo

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DOI:

https://doi.org/10.34913/journals/lingua-lugar.2024.e1906

Palavras-chave:

Barahona Possollo, erotismo, gay, pintura

Resumo

O facto de Barahona Possollo ter integrado a galeria de retratos da Presidência da República deu considerável relevo mediático à discrepância entre a sua obra de retratista e a temática erótica, ostensivamente sexualizada, do grosso da sua pintura. Tecnicamente brilhante e tematicamente ousada, a pintura de Possollo, ao contrário das vanguardas estéticas queer, não tira partido da experimentação oficinal. Repartida por quatro grandes áreas temáticas, Mitologia, Eros, Melancolia, Retrato, ela inspira-se nas formas da Antiguidade egípcia e clássica para abordar a tensão entre Eros e Thanatos. Por outro lado, nas exposições All You Can Eat (2013) e Behind the Green Door (2020), a obra de Possollo assume um caráter decididamente político e interventivo. O programa estético-político de Possollo materializado nessas duas exposições remete para a libertação da vergonha sexual, com o propósito mais vasto ainda de uma transformação das masculinidades, mas tem por base as premissas do freudo-marxismo que não são inteiramente coerentes com a maneira como o próprio pintor encara a sexualidade e o desejo.

Biografia Autor

António Fernando Cascais, ICNOVA - Instituto de Comunicação da Nova

Docente universitário de 1990 a 2024 e investigador do ICNOVA – Instituto de Comunicação da NOVA, integra a direção da Associação Cultural Janela Indiscreta, que organiza o Festival de Cinema Queer Lisboa. Publicou Estar além: A persona queer de António Variações (Edições 70, 2025), Masculinidades debaixo de fogo: Homossocialidade e homossexualidade na guerra colonial (Documenta, 2025), Mediações da Ciência. Da Compreensão Pública da Ciência à Mediação dos Saberes – Um Reader (Livros ICNOVA), organizou os livros Dissidências e resistências homossexuais no século XX português (Letra Livre, 2024), Olhares sobre a Cultura Visual da Medicina em Portugal (Unyleya, 2014), Indisciplinar a teoria (Fenda, 2004), A SIDA por um fio (Vega, 1997), e, em colaboração, O vírus-cinema: cinema queer e VIH/sida (Festival Queer Lisboa, 2018), Cinema e Cultura Queer. Queer Lisboa – Festival Internacional de Cinema Queer (Lisboa, 2014), Hospital Miguel Bombarda 1968 - Fotografias de José Fontes (Documenta, 2016), Lei, Segurança, Disciplina. Trinta anos depois de Vigiar e punir de Michel Foucault (CFCUL, 2009). Tem cerca de duas centenas de artigos e capítulos de livros nas áreas da Mediação dos Saberes, da Bioética, da História da Psiquiatria, da Cultura Visual da Medicina, dos estudos foucauldianos e dos estudos Queer e de Género.

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Publicado

2025-03-17

Como Citar

Fernando Cascais, A. (2025). Resgatar ao presente Barahona Possollo. Língua-Lugar : Literatura, História, Estudos Culturais, (7), 133 — 149. https://doi.org/10.34913/journals/lingua-lugar.2024.e1906

Edição

Secção

Dossiê