Pela defesa da Pátria

Masculinidade e militarismo no Brasil (1889-1939)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34913/journals/lingua-lugar.2023.e1485

Palavras-chave:

Masculinidade, Militarismo, Brasil, Nação

Resumo

Este artigo argumenta que as ações adotadas pelas forças militares brasileiras, nomeadamente na formação de uma masculinidade modelar a ser reproduzida, tiveram relação direta com os pensamentos sobre a construção da identidade nacional através do direcionamento institucionalizado de corpos masculinos. Para tal, são analisadas inicialmente as abordagens e perspectivas adotadas pelas instituições militares comprometidas com o conceito de “cidadão-soldado” nos anos anteriores ao regime de Getúlio Vargas. Apresenta, também, as motivações históricas subjacentes aos estudos biotipológicos de corpos militarizados promovidos durante o período do Estado Novo no Brasil. O artigo ressalta, por fim, os contextos que conferiram importância central aos corpos masculinos na reestruturação das instituições militares e na formulação de políticas estatais nas primeiras décadas da república brasileira.

Biografia Autor

Tiago Fernandes Maranhão, Loyola University New Orleans

Tiago Fernandes Maranhão é um historiador brasileiro que se dedica aos aspectos sociais, políticos e raciais da América Latina Moderna, assim como à história do corpo, da educação física e dos desportos no Brasil. Maranhão é atualmente Assistant Professor na Loyola University New Orleans e também coordenador do Transatlantic Bodies Project, uma iniciativa de Humanidades Digitais recentemente lançada em www.transatlanticbodies.com, que conecta as histórias do corpo humano com o conhecimento político, cultural e intelectual desenvolvido no Brasil no âmbito do Mundo Atlântico.

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Publicado

2024-03-06

Como Citar

Fernandes Maranhão, T. (2024). Pela defesa da Pátria: Masculinidade e militarismo no Brasil (1889-1939). Língua-Lugar : Literatura, História, Estudos Culturais, 1(6), 92 — 111. https://doi.org/10.34913/journals/lingua-lugar.2023.e1485