Língua-lugar : Literatura, História, Estudos Culturais
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<p><em>Língua-lugar : Literatura, História, Estudos Culturais</em> est un magazine numérique interdisciplinaire en libre accès qui vise à interroger les discours littéraires, historiques, sociaux et artistiques sur l'histoire et la culture des pays lusophones. Il est associé a <em>Cátedra Lídia Jorge</em> et ouvert aux universitaires du monde entier qui souhaitent y contribuer, ce qui permet de dialoguer dans une perspective mondiale. Ses articles sont soumis à un examen anonyme par des pairs.</p>Bibliothèque de l'Université de Genèvept-PTLíngua-lugar : Literatura, História, Estudos Culturais2673-5091Editorial
https://oap.unige.ch/journals/lingua-lugar/article/view/1480
<p>O novo número da revista Língua-lugar traz o dossiê temático “Masculinidades em questão”, organizado por Octavio Páes Granados e Pedro Cerdeira. O conjunto de textos abrange uma discussão sobre modelos, perspectivas e formas de violência inerentes ao conceito de masculinidade. Repensar tais modelos tem sido fundamental e necessário no espaço artístico e acadêmico, pois, a partir de contribuições dos estudos feministas e de gênero, tais masculinidades podem assumir dissidências, desvios e reinvenções de padrões.</p>Eduardo Jorge de Oliveira
Direitos de Autor (c) 2024 Eduardo Jorge de Oliveira
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2024-03-062024-03-0667 — 97 — 910.34913/journals/lingua-lugar.2023.e1480Entrevista com Pepetela
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<div class="page" title="Page 142"> <div class="layoutArea"> <div class="column"> <p>Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, mais conhecido por Pepetela (que significa Pestana em quimbundo e foi o seu nome como guerrilheiro) desde menino que queria ser escritor. Pode dizer-se que o seu desejo foi plenamente realizado! É um dos autores angolanos mais prolífico, lido no estrangeiro e traduzido. É autor de 22 romances, duas peças de teatro, duas recolhas de crónicas. A sua obra foi reconhecida por vários prémios, entre os quais, em 1997, o mais importante para autores de língua portuguesa, o Prémio Camões, pelo conjunto da sua obra; o mais recente foi o Prémio Correntes de Escrita em 2020, atribuído ao romance Excelência de Corpo Presente. Mas também no Brasil, na Galiza ou na Holanda a sua obra foi premiada.</p> </div> </div> </div>Nazaré Torrão
Direitos de Autor (c) 2024 Nazaré Torrão
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2024-03-062024-03-066137 — 149137 — 14910.34913/journals/lingua-lugar.2023.e1488Masculinidades em questão
https://oap.unige.ch/journals/lingua-lugar/article/view/1481
<div class="page" title="Page 15"> <div class="layoutArea"> <div class="column"> <p>A partir das últimas décadas do século passado, os denominados Estudos Feministas e os Estudos LGTBI+1, para além de movimentos políticos e sociais, começaram a destacar-se como modelos de reflexão e análise. Estudiosas como Joan Scott e Judith Butler, entre muitas outras pessoas, teorizaram amplamente a noção de género, situando-a enquanto categoria analítica e inserindo-a no campo dos sistemas de significação, enfatizando a sua dimensão relacional no referente aos processos de construção das identidades e na organização social (Scott, 1989; Butler, 2027). Deste modo, argumenta-se que a identidade de género não depende de um essencialismo intrínseco; depende antes de uma história sociocultural e de formas complexas de poder e regulamentação. Em suma, a ideia básica subjacente no conceito “género”, evidencia que “ser homem ou ser mulher” é um produto social e histórico e não uma condição suposta e diretamente derivada da natureza.</p> </div> </div> </div>Octavio Páez GranadosPedro Cerdeira
Direitos de Autor (c) 2024 Octavio Páez Granados, Pedro Cerdeira
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2024-03-062024-03-06611 — 1811 — 1810.34913/journals/lingua-lugar.2023.e1481Representações fora da lei
https://oap.unige.ch/journals/lingua-lugar/article/view/1482
<div class="page" title="Page 23"> <div class="layoutArea"> <div class="column"> <p>O artigo pretende analisar algumas produções do artista visual Hélio Oiticica e que evocavam, em plena ditadura brasileira, imagens de cadáveres de sujeitos masculinos pertencentes a classes sociais marcadas pelas violências urbana e institucional. Propomos apresentar como Oiticica desenvolveu o que denominamos como representação fora da lei, isto é, uma problematização artística dos efeitos nocivos das esferas jurídica e moral brasileiras sobre masculinidades social e economicamente estigmatizadas. Partimos da hipótese de que, através deste viés representacional, o artista dá visibilidade a tais sujeitos marginalizados, problematizando assim as relações convencionais entre classe, raça e gênero.</p> </div> </div> </div>Andre Masseno
Direitos de Autor (c) 2024 Andre Masseno
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2024-03-062024-03-06620 — 3820 — 3810.34913/journals/lingua-lugar.2023.e1482Homens fora do lugar
https://oap.unige.ch/journals/lingua-lugar/article/view/1489
<div class="page" title="Page 43"> <div class="layoutArea"> <div class="column"> <p>As profundas mudanças sociopolíticas vivenciadas pelo Brasil nas últimas décadas do século XIX trouxeram para todo o país um fervor contagiante de renovação e, por conseguinte, deixaram suas marcas na literatura publicada na época. A respeito disso, o romance <em>Bom Crioulo</em>, escrito por Adolfo Caminha e publicado em 1895, apresenta-se como caso paradigmático. O presente ensaio, portanto, propõe uma leitura alegórica do texto que revela o dilema de construir uma identidade nacional baseada numa população desqualificada pelas elites devido a sua raça e sexualidade não satisfazerem as expectativas do padrão hegemônico da ordem e do progresso. A partir da leitura do liberalismo brasileiro no final do século XIX feita por Roberto Schwarz (1977), será apresentada a representação desses homens fora do lugar em Bom Crioulo.</p> </div> </div> </div>Marco Losavio
Direitos de Autor (c) 2024 Marco Losavio
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2024-03-062024-03-06640 — 5840 — 5810.34913/journals/lingua-lugar.2023.e1489Sodoma é uma cidade capitalista
https://oap.unige.ch/journals/lingua-lugar/article/view/1483
<div class="page" title="Page 63"> <div class="layoutArea"> <div class="column"> <p>Durante o período da ditadura militar brasileira – após a militância clandestina em movimentos avessos ao regime – Herbert Daniel conheceu a repressão e o exílio, trabalhando numa sauna de Paris. Neste percurso, o escritor conseguiu evidenciar elementos de conflito, formação e transformação de uma sociedade urbana europeia elaborando reflexões que, posteriormente, o tornarão vanguarda de lutas que enfrentará na sociedade brasileira. O presente artigo pretende apontar tópicos da obra deste autor, quase desconhecido no panorama intelectual brasileiro, que engendrou uma análise irónica, mas eloquente, do micromundo gay parisiense ao lado das vicissitudes e das coibições do desejo homossexual, que flutuavam na guerrilha brasileira dos anos 70. Nos seus textos de “literatura pessoal”, <em>Passagem para o próximo sonho</em> (1982) e <em>Meu corpo daria um romance</em> (1984), descreve-se a reedificação de um topónimo figurado e inteligível, denominado “Sodoma”, um lugar do desejo, que, na perspetiva de um exilado revolucionário, apresenta conflitos e contradições, internas e externas. Ilustrar-se-ão fenómenos como racismo, machismo e discriminação de classe, observáveis desde os bastidores deste possível paraíso da volúpia, lugar de aparente libertação. Analogamente, a esquerda brasileira, da qual Daniel foi incansável militante, apresenta contradições, que o autor não renega, desenvolvendo uma visão intelectual e crítica genuína, atacando diretamente, após o seu regresso a um Brasil em processo de democratização, os saudosistas do regime. O objetivo do artigo será interpretar o seu pensamento, que se entrecruza com as teorias foucaultianas, atravessa, refugia-se e foge de vários guetos humanos, deixando-nos uma lúdica e lúcida reconstrução de um lugar do desejo que existe, existiu, ou poderia ter existido, mesmo que iniludivelmente condicionado por multifacetados poderes.</p> </div> </div> </div>Matteo Gigante
Direitos de Autor (c) 2024 Matteo Gigante
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2024-03-062024-03-06660 — 7560 — 7510.34913/journals/lingua-lugar.2023.e1483Masculinidades
https://oap.unige.ch/journals/lingua-lugar/article/view/1484
<div class="page" title="Page 79"> <div class="layoutArea"> <div class="column"> <p>Na esfera religiosa, a masculinidade reveste-se de um singular prestígio, declinado, por exemplo, no sacerdócio e em outras competências da vida religiosa. Em todo o caso, vários modelos de masculinidades, em sede monástica, poder-se-ão espelhar em outras dimensões, como, por exemplo, as práticas espirituais e devotas. Neste sentido, tendo como pano de fundo a problemática do género e da interioridade na vida religiosa, este artigo, a partir da análise de vários textos que se inscrevem no filão da literatura de espiritualidade – e que vão desde “Vidas” devotas até compilações hagiográficas ou crónicas monásticas –, pretende auscultar os contornos que as práticas devotas e espirituais assumiram em Portugal, ao longo dos séculos XVI e XVII, nos meios monásticos e conventuais masculinos, tentando equacionar a questão da identidade de género e perceber se este poderá funcionar como elemento diferenciador. Impossibilitados, por imposição canónica, de concretizarem o matrimónio e a paternidade, estes religiosos buscam outras vias através das quais possam “expressar” e “exteriorizar” a sua masculinidade, espelhando um conjunto de modelos e comportamentos que poderão funcionar como marca diferenciadora de género.</p> </div> </div> </div>Paula Almeida Mendes
Direitos de Autor (c) 2024 Paula Almeida Mendes
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2024-03-062024-03-06676 — 9176 — 9110.34913/journals/lingua-lugar.2023.e1484Pela defesa da Pátria
https://oap.unige.ch/journals/lingua-lugar/article/view/1485
<div class="page" title="Page 95"> <div class="layoutArea"> <div class="column"> <p>Este artigo argumenta que as ações adotadas pelas forças militares brasileiras, nomeadamente na formação de uma masculinidade modelar a ser reproduzida, tiveram relação direta com os pensamentos sobre a construção da identidade nacional através do direcionamento institucionalizado de corpos masculinos. Para tal, são analisadas inicialmente as abordagens e perspectivas adotadas pelas instituições militares comprometidas com o conceito de “cidadão-soldado” nos anos anteriores ao regime de Getúlio Vargas. Apresenta, também, as motivações históricas subjacentes aos estudos biotipológicos de corpos militarizados promovidos durante o período do Estado Novo no Brasil. O artigo ressalta, por fim, os contextos que conferiram importância central aos corpos masculinos na reestruturação das instituições militares e na formulação de políticas estatais nas primeiras décadas da república brasileira.</p> </div> </div> </div>Tiago Fernandes Maranhão
Direitos de Autor (c) 2024 Tiago Fernandes Maranhão
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2024-03-062024-03-06692 — 11192 — 11110.34913/journals/lingua-lugar.2023.e1485“Sádico” e “necrófilo”
https://oap.unige.ch/journals/lingua-lugar/article/view/1486
<div class="page" title="Page 115"> <div class="layoutArea"> <div class="column"> <p>No final da década de 1920, na cidade de São Paulo, Brasil, uma série de crimes sexuais foram atribuídos a José Augusto do Amaral, homem, negro, 55 anos. A partir da micro-história, o artigo remonta aos assassinatos de três jovens do sexo masculino, crimes com características próprias do sadismo e da necrofilia, que referendavam diagnósticos da degenerescência e da criminalidade nata. Ao problematizar narrativas médico-legais divulgadas no compêndio Psiquiatria Clínica e Forense, de Antonio Carlos Pacheco e Silva (1945), bem como seus impactos na imprensa paulistana à época, o artigo acessa dimensões étnico-raciais que classificaram homens negros como degenerados. Os achados permitem considerar que a psiquiatria-forense não somente fabricou masculinidades negras perversas e sexualmente desregradas, mas suas narrativas mantêm significados histórico-sociais racistas e discriminatórios, ontem e hoje.</p> </div> </div> </div>Paulo Fernando de Souza Campos
Direitos de Autor (c) 2024 Paulo Fernando de Souza Campos
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2024-03-062024-03-066112 — 129112 — 12910.34913/journals/lingua-lugar.2023.e1486Conjugar no Plural
https://oap.unige.ch/journals/lingua-lugar/article/view/1487
<div class="page" title="Page 135"> <div class="layoutArea"> <div class="column"> <p>“Conjugar no plural”, é um projeto de pesquisa de longa duração sobre ações, vozes e poderes no feminino. O projeto teve início em 2010 e tem como base a leitura coletiva da obra “Novas Cartas Portuguesas” (1972) de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, e materializou-se através de vários suportes: dois posters (2012 / 2021) uma intervenção mural e um áudio (2021). E culminou numa série curadorias de exposições (All My Independent Wo/men) e momentos expositivos no Porto, Guimarães, Lisboa e Vila Nova de Cerveira. O projeto desconstrói ideias de excecionalidade nos movimentos de emancipação das mulheres em Portugal acentuando a ideia de diversidade e pluralidade.</p> </div> </div> </div>Carla Cruz
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2024-03-062024-03-066132 — 135132 — 13510.34913/journals/lingua-lugar.2023.e1487