Apreender a alteridade: auto e heterorrepresentações

Autores

  • Nazaré Torrão Université de Genève

DOI:

https://doi.org/10.34913/journals/lingualugar.2020.e416

Resumo

O ser humano é um animal social. A atual situação pandémica e as limitações que impõe aos contactos sociais lembram-nos esta realidade a cada dia que passa. O indivíduo estabelece relações com o Outro, desde o dia em que nasce, primeiro com a família próxima, para pouco a pouco ir alargando o seu mundo de relações e se inserir numa matriz social, que cria o sentido de pertença a um grupo, um Nós. É no seio dessa matriz que cada indivíduo vai formar a sua identidade, através das trocas, contactos e relações que vão orientando as suas escolhas identitárias, quer estas se alinhem com o coletivo, quer se demarquem do mesmo. É nesse sentido que os filósofos da identidade afirmam que o Eu só se pode formar por confronto com o Outro. Como o explicou Paul Ricoeur, entre vários filósofos, só pode ter uma forma narrativa, pois definir-se é, em última instância, contar-se. Indivíduos ou coletividades definem-se através das histórias que contam a si e aos outros sobre si (Ricoeur, 1991). Stuart Hall confirma-o afirmando que a identidade se constrói no interior e não no exterior da representação.

Biografia Autor

Nazaré Torrão, Université de Genève

Nazaré Torrão é doutorada em Literatura Comparada pela Universidade de Genebra, onde é responsável pela unidade de português desde 2012 e diretora do CEL (Centre d’Études Lusophones) desde 2017. Leciona língua e literaturas em português na mesma universidade desde 1995. A sua pesquisa centra-se nas literaturas contemporâneas portuguesa, moçambicana e angolana. Desenvolve investigação sobre as questões da representação literária da identidade nacional e do devir histórico, sobre as poéticas do espaço e das migrações e sobre questões de género.

Referências

Bonoli, L. (2007). “La connaissance de l’altérité culturelle”. Le Portique, 5 http:// leportique.revues.org/1453, consultado a 05.02.2021.

Chanson, P. (2016). “De l’invention de la culture à l’interculturalité”. In P. Suter, N. Bordessoule-Gilliéron e C. Fournier-Kiss (ed.), Regards sur l’interculturalité,

pp. 27-51. Genève: MétisPresse. Deleuze, G. e Guattari, F. (1980). Milles

Plateaux. Paris: Éditions de Minuit. Glissant, É. (1990). Poétique de la Relation.

Paris: Gallimard.

— (1996). Introduction à la Poétique du Divers. Paris: Gallimard.

— (1997). Traité du Tout Monde. Paris: Gallimard.

Hall, S. (2008). Identités et Cultures Politiques des Cultural Studies. Paris: Éditions Amsterdam.

Helg, A. (2016). Plus jamais esclaves ! De l’insoumission à la révolte, le grand récit d’une émancipation (1492-1838). Paris: Éditions La Découverte.

Montaigne, M. (1893). "Des Cannibales", Essais, l., Paris: Librairie des Bibliophiles

Ricoeur, P. (1991). Temps et Récit. Paris: Seuil.

Rodrigues, N. S. (2006). "Os judeus na Hispânia na Antiguidade". Cátedra de Estudos Sefarditas, 6, 9-34. http://www.catedra-alberto-benveniste.org/_fich/15/artigo_Nuno_Rodrigues.pdf , consultado a 11.02.2021.

Publicado

2021-02-26

Como Citar

Torrão, N. (2021). Apreender a alteridade: auto e heterorrepresentações. Língua-Lugar : Literatura, História, Estudos Culturais, 1(2), 14–23. https://doi.org/10.34913/journals/lingualugar.2020.e416